As classes populares constituíam a maior parte da população do Distrito de Portalegre, na fase de transição entre a Monarquia constitucional e a I República, uma parte considerável estava ligada à terra e desenvolvia a sua actividade laboral nas várias herdades dos grandes e médios propriedades da região. Referimo-nos, a uma grande massa de trabalhadores, um autêntico “proletariado rural” que contudo se distinguia de um outro grupo de camponeses procedentes de terras exteriores ao distrito e cujo objectivo era obter um trabalho renumerado sem condições e que depois de fazer a campanha da ceifa nomeadamente nas terras rurais do concelho de Elvas dirigiam-se com o mesmo fim para terras da Extremadura Espanhola. Estes trabalhadores originários dos distritos de Castelo Branco, Viseu e Coimbra, ao contrário dos seus contemporâneos alentejanos ou extremeños, aceitavam trabalhar a troco de salários muito baixos, sobretudo nas planícies espanholas, quando as sucessivas crises económicas (agrárias e subsistência) lançavam parte da mão-de-obra disponível no desemprego. Assim, a pobreza e a miséria eram realidades associadas continuamente à maioria dos indivíduos que se identificavam com as camadas mais baixas da população, por vezes segundo a documentação, em situações muito precárias. Era o caso dos pobres por efeito de alguma incapacidade pessoal, dos desempregados permanentes, das viúvas e dos trabalhadores que eram chefes de família de agregados numerosos. Nesta camada social identificavam-se ainda os chamados “falsos pobres” que viviam exclusivamente de actividades marginais como o contrabando ou viviam na pura vagabundagem. Em suma, há que ter em consideração que a maioria da população do distrito esteve sempre ligada à exploração agrícola e pecuária, independentemente do seu poder económico e nível social. Se tratava pois, de um conjunto humano muito estratificado do ponto vista sociológico, um facto bem evidente nas cidades de Portalegre e Elvas, onde se identificava uma aristocracia restrita e mais significativa na capital do distrito e uma alta e média burguesia cujos membros se cruzavam, por vezes, entre si, enquanto a pequena burguesia agrária era mais evidente nas pequenas vilas, como eram os casos de Marvão e Arronches. Relativamente às classes populares como já a afirmámos, correspondiam à maior parte dos indivíduos que formavam a base produtiva dos centros da raia e outros que na linha de fronteira se dedicavam ao contrabando e à vagabundagem como se comprova, através da análise da documentação da GNR que identifica vários indivíduos de Arronches, Campo Maior e Elvas : - Próximo artigo: - “Caracterização da aristocracia do Distrito de Portalegre”.