O outro grupo étnico, mas com maior relevo na sociedade elvense era sem dúvida os Judeus cujos bairros ao contrário do que se verificava com os mouros, tinham o privilégio de ter os seus bairros dentro das muralhas da vila, enquanto aqueles, provavelmente devido o ocupações humildes, e entre elas, o trabalho agrícola, habitavam os subúrbios ou mesmo as áreas fora da zona amuralhada. Em Elvas durante o séc. XIV uma parte considerável dos Judeus tinham como moradas de casa a Praça, a Rua Nova ou Rua do Alcamin (?), a rua das Portas de Olivença e de Évora, enquanto uma parte das famílias mais antigas se situavam ainda no exterior da primitiva muralha. No século XV outras áreas nevrálgicas para a actividade comercial entram no rol dos cristãos novos por oposição aos velhos, como a porta da Praça Nova, a Rua da Feira e da Carreira dos Cavalos, onde vivia Diogo Álvares Soriano cuja actividade mercantil estava registada nas principais praças comerciais luso-espanholas ( ANTT, Inquisição de Évora, 7714º ) . Na comuna judaica tal como na muçulmana, os níveis de riqueza eram diferenciados, os mercadores, os físicos, ourives e os médicos distinguiam-se de uma minoria de mesteirais, tendeiros e assalariados. Os privilégios que detinham os “ricos” da judiaria elvense, eram vários e entre eles destacavam-se a possibilidade de isenção de impostos, de sinalização da sua condição e inclusivamente a permissão de viver entre os cristãos, como eram os casos de José Verdugo ou do casal Alfarim, Monção ou do rabi Sad Ordonha (ANTT, Chanc. de D.Afonso V, Liv.12,15,8 e 1). A sabedoria ou conhecimento, era o factor determinante para obtenção de este tipo de privilégios, considerando que o número de físicos e médicos documentados pelas fontes demonstram que se tratava da comunidade científica mais importante da região e da raia com Castela. Não menos importante era o quantitativo das rendas da judiaria elvense que se situava à volta de 113.333 reais em finais do séc. XIV, quase mais de 80 % das rendas de Portalegre (61.066 reis) (ANTT, Chanc de D.Manuel, Livro 13), não por é caso, que D. João I, após a Crise de 1383-1385, beneficia a aristocracia local com direitos e rendas reais. Como são exemplos a doação ao escudeiro Gil Fernandes do serviço, de cabeças dos Judeus (ANTT, Chanc. de D. João, Livro I) ou das rendas reais da própria judiaria ao alcaide da vila, Álvaro Gonçalves (ANTT, Chanc. D. Manuel, Livro II). Os registos demográficos não nos permitem quantificar os números referentes aos efectivos das judiarias de Elvas e mesmo o número de judeus em fuga à Inquisição Espanhola em 1492 que passaram as fronteiras de Elvas e Marvão e que segundo Velasco da Mota, se encontravam num acampamento levantado em Castelo de Vide, cerca de 4.000 a 5000 efectivos .Todavia o crescimento explosivo da população judaica no distrito também se manifestou em Elvas, uma vez que por essa época nascia e a Judiaria Nova.