Após dois séculos de povoamento da vila de Elvas, a paisagem agrícola era ainda natural e selvagem, constituída por brenhas de urzes, giestas, medronheiros e muitas heras. E, em grande parte, composta por bosques de sobreiros, azinheiras e pinheiros mansos. Nas últimas décadas do séc. XIII, o centeio, a cevada e a aveia preenchiam os campos de cultivo e a sua plantação fazia-se sobretudo em pleno inverno, de resto a mistura dos cereais era então usual como forma de obter o pão. Na época de Trezentos e pelo estudo do rol de propriedades podemos afirmar que as searas, as vinhas e os olivais, marcaram os primeiros recursos agrícolas da vila nova criada por D. Sancho II. Mas a importância da produção cerealífera é mais evidente nos séc. XIV e XV, uma vez que a documentação refere ainda o milho painço e a aveia, como produções agrícolas que integravam a dieta alimentar da população e dos gados, que eram exploradas no termo de Elvas onde se situavam os moinhos e as atafonas. Não faltava o azeite, o vinho e o vinagre. O foral Manuelino, testemunha a riqueza da produção pecuária identificando a existência de bois, ovelhas, cabritos, gamos, cervos, porcos, cavalos, mulas, galináceos e perus. Permitindo ao mesmo tempo a exploração de produtos derivados como o leite, o queijo e o mel. [O “gado ao vento” isto é, encontrado sem pastor ou proprietário era de direito real determinando que a sua existência fosse conhecida das autoridades como forma de identificação. Se tal não se verificasse era considerado furto]. Mas a dieta alimentar do elvense medieval integrava não só a carne, o leite, o mel, os ovos, mas também as hortaliças, os alhos secos, as cebolas, a fruta [as castanhas, as ameixas, figas, uvas, laranjas, cidra e melões] , etc … O que nos permite aceitar a existência de pomares e de granjas nas herdades elvenses, mas com as devidas reservas em função da documentação coeva, que não menciona essas formas de exploração económica. Nas actividades manufactureiras, a existência dos artesões ou mais exactamente dos mesteirais está identificada desde a fundação de Elvas, como era o caso dos Oleiros que estavam isentos de portagem, a menos que se tratasse de louça de barro vidrada ou não. Os ferreiros trabalhavam o ferro maçudo ou moído, os latoeiros concebiam os seus objectos e recipientes para uso doméstico, em latão , cobre e estanho e tinham como concorrentes os marceneiros que fabricavam louças de pau e outros equipamentos domésticos como arcas e tonéis. E por último não podemos deixar de referenciar os curtidores que fabricavam as peles com a aplicação na confecção do vestuário. Os sapateiros, os tecelões e os pescadores (de àgua doce) uma vez que as outras espécies eram exteriores ao concelho, eram outras actividades mesteirais que marcaram o quotidiano medieval da vila de Elvas. Postado por Arlindo Sena