De facto, as cartas de doação ao longo dos séc. XIII, XIV e XV, beneficiaram de uma forma particular, os grupos sociais privilegiados nomeadamente alguns nobres terratenentes como era o caso particular de D. João de Aboim, alguns ricos homens que tal como uma aristocracia funcionalista se foram fixando em terras do Caia. Na verdade, este último grupo de funcionários régios, acabaram por beneficiar das doações frequentes da Coroa que ocorreram ao longo da segunda metade do séc. XIII, em termos de quantidade e qualidade das áreas a “colonizar”. É nesta perspectiva que podemos identificar uma série de doações a alguns senhores da corte, como por exemplo a localidade de Barbacena, a D.Estevão Annes que era então apenas o chanceler del-rei D. Afonso III, na documentação podemos ler: “Concebo et confirmo vobis Stephano, dilecto ac fideli meo cancellario, pró muito bono et fideli serviço, quod mihi a longis retro temporibis fecistis, hereditadem meam de Barvacena, qui est in termino de Elvis, quam vabis concilium de Elvis, per meum consensum dedit”. Aliás a distribuição de terras por um núcleo mais vasto de aristocratas em terras do concelho de Elvas só é evidente a partir do século XV quando é possível identificar um maior número de grandes proprietários constituídos pelos diversos membros das famílias: Pessanha, Barbudo, Pegado, Segurado, os Melo entre outros, cuja posse fundiária identificava-se com a herdade e não como a quintã, propriedade característica na região Entre -Douro e Minho e que de certo modo corresponde à realidade regional alentejana. No caso das grandes herdades doadas a D. João de Aboim ou a D. Estevão Annes, trata-se de grandes domínios fundiários cuja finalidade de ocupação e colonização, mobilizou um conjunto de “povoadores” que permitiram a fixação de numerosos famílias nessas propriedades cuja dinamização contribui para a sua evolução do ponto vista jurídico, tornando-se vilas como a de Elvas geradora da fixação, povoamento e colonização das áreas agrícolas envolventes e com potencialidades agrícolas. No caso, da herdade de Barbacena em cerca de dezassete anos o seu estatuto jurídico evolui de um estatuto privado a público, como resultado exclusivo da sua dinamização económica, uma vez que entre os moradores de Barbacena identificava-se as mais variadas profissões nomeadamente os cavaleiros e escudeiros, mas também os almotacés, os mercadores, os pescadores e os homens de fora vinham com frequência nomeadamente para a venda de azeite. Outra forma de ocupação, povoamento e exploração económica do concelho de Elvas, foi feita através do aforamento de bens variados da Coroa, da Igreja e da aristocracia de posse, tratava-se de bens materiais como casas e tendas normalmente propriedades da igreja, as paróquias do Salvador e de Santa Maria eram os principais proprietários deste tipo de imóveis. Ou mais corrente, terrenos, courelas, de reguengos (terras régias) na primeira centúria da existência da vila de Elvas. Durante o século XIV e fruto de uma maior dinamização económica e aumento do espaço desbravado, aumenta o número de aforamentos com fins exclusivamente agrícolas feita por casais e por duas ou três vidas, como as herdades, mas sobretudo de propriedades de olival e de vinha que disputam os campos de cereal que marcam as primeiros arroteamentos no solo elvense(continua). Postado Arlindo Sena