História Local - Nas duas décadas seguintes de 1230 e 1240, a presença portuguesa na fronteira continuava marcada pelo estado de guerra e em especial na raia do distrito de Portalegre, de facto Marvão e Elvas eram terras ocupadas num período em que as preocupações de domínio do Alto Alentejo passavam necessariamente pela conquista de Alter do Chão que era então a povoação mais importante a conquistar no eixo entre Marvão, Crato e Elvas, já então terras da coroa portuguesa. Aliás, após a tomada de Alter do Chão (1232) , a reconquista avança para as terras da margem sul do Guadiana as hostes nacionais consolidam com a ocupação de Mértola (1238) e no início da década de 1240, caem os primeiros castelos sarracenos do Algarve. A crise política de 1245 e a guerra civil de 1246 a 1248, que abalaram a estrutura administrativa do novo reino e condicionou, o ritmo da organização dos espaços fronteiriços, uma vez ultrapassada, estavam criadas as condições para o início do povoamento e exploração económica das terras da planície e do sul de Portugal. A análise da documentação régia e das cartas de doação, demonstram que a prioridade da consolidação das terras conquistadas, tornam-se uma realidade a partir de meados do séc. XIII, numa época em que novos grupos de povoadores que se deslocam das terras a Sul da região Entre Douro e Minho, não são os ricos homens que acompanharam o monarca na conquista de Elvas e do Marvão, como foram os casos das famílias de Pires Lumiares, Mendes de Sousa, Pires de Maia , Pais de Valadares ou Afonso de Baião. De facto os primeiros povoadores do concelho de Elvas, na sua maioria, não se identificam com a nobreza de Portugal ou melhor com os ricos homens da corte lusitana, embora encontramos figuras distintas da aristocracia como D. João de Aboim, senhor de Vila Boim próximo da figura do Bispo de Évora ou outros nomes de referência da vila elvense, como o Chanceler Estevão Annes ou Rodrigues Peres Cebola, comendador que tal como a maioria da população são servidores da coroa ou “criados del rei” como se observa nas cartas régias da época. Na verdade à medida que o avanço da reconquista se desenvolve em terras algarvias, estes “cavaleiros vilões” outrora mobilizados para o serviço de hoste e para as consequentes devastações da guerra, não só estão mobilizados para a produção de bens de consumo como também para a vida concelhia e espiritual, considerando que a carta foral e a fé Cristã, serão os princípios orientadores da vila de Elvas consagrada pela carta foral (continua). Postado por Arlindo Sena