Primitivamente e considerando a reprodução do Castelo de Elvas segundo Duarte Armas, o modelo da primeira fortificação da vila de Elvas, era de inspiração quadrangular dos quais só encontramos cinco outros modelos tipo na época medieval, como são os casos de Penha Garcia, Sabugal, Almeida, Alpalhão e Castro Marim. Com excepção dos castelos de Sabugal e de Alpalhão, tinham em comum a sua posição estratégica como fortificações de primeira linha. Trata-se inicialmente de uma pequena fortificação não ultrapassando os 200 metros de extensão e com panos de muralha que não atingiam uma altura superior aos 10 metros. No século XIII, o monarca D. Dinis introduziu à construção inicial um conjunto de inovações defensivas e construtivas ao nível dos torreões, abobadamentos e matacães. Na centúria seguinte e desde 1361, o espaço acastelado estava limitado por uma cava, espécie de escavação semelhante a um fosso que circundava provavelmente parte do castelo numa época em que a barbacã (espécie de barreira ou obstáculo) cobria as áreas mais sensíveis do espaço fortificado, nomeadamente da alcáçova e prolongando-se pelas portas dos Mártires, dos Banhos e de S. Francisco. Ou seja, o castelo da reconquista cristã estava então inserido num espaço mais amplo e fortificado e que correspondia a grande cerca fernandina iniciada pelo monarca D. Afonso IV .Todavia o ciclo das inovações específicas do castelo gótico, como o caso da Torre de Menagem do Castelo de Elvas datada de 1488, era edificada na posição de canto e adossada à própria muralha e não como era tradicional nos castelos românicos no centro isoladas das muralhas, a nova posição favorecia a generalização de sistemas de tiro vertical. Os matacães foram outra inovação gótica, espécie de aberturas que permitiam o despejo de projécteis destinados a bater o embasamento das torres e o acesso às portas. Ainda durante a baixa Idade Média assistiu-se a edificação da Torre Hexagonal e a cisterna na fase de transição para a “guerra de fogo” ou pirobalística. Mas o plano defensivo da vila de Elvas, estava traçado e sinalizado com as suas vinte e duas torres, mantendo - se quase sem transformações durante quase as duas primeiras centúrias da Época Moderna. O aglomerado populacional da vila e mais tarde cidade, no séc. XVI e na primeira metade do séc. XVII, concentravam-se inicialmente em torno da segunda cintura árabe já incapaz de manter uma população em franco crescimento, que no séc. XIV e XV crescia em torno das vias que desembocavam na Porta Real ou Olivença, para este e oeste da mesma. Ainda que as casas construídas em tijolo e cal, com traves e tabuados de madeira e telha, situadas no termo da Rua de S. Francisco se confrontavam a norte e a sul com áreas baldias, pomares, hortas e mesmo com algumas plantações de olivais. No início de quinhentos o casario e as novas ruas proliferavam em torno dos eixos das vias que se articulavam com as onze portas medievais: Porta de Banhos, de Badajoz, Mártires, Olivença, Évora, S. Pedro, S. Francisco, Enforcados, S. Martinho, Templo e Hospital. E o espaço não ocupado pela presença humana limitava-se a um conjunto de propriedades ou parcelas de terras em torno da Igreja, convento e mosteiro de São Domingos. (Continua – Postado Arlindo Sena).