Mas a defesa do reino continuava a ser uma prioridade da Coroa portuguesa, mesmo quando algumas povoações e localidades apresentavam já um franco desenvolvimento. Como tal na paisagem natural do território nacional e em especial no litoral e na linha de fronteira de Norte para sul, era interrompida pelos solares e pelos castelos edificados no cimo dos montes e das colinas, protegendo as zonas e áreas mais sensíveis a qualquer invasão de terra ou mar que fosse uma ameaça à soberania nacional. Em muitos casos como o de Elvas, essas colinas correspondiam a zonas de ocupadas desde a Idade do Ferro, como foi o Castro de Vitória onde se implantou o primeiro centro administrativo ou militar o castelo medieval. Numa época que a sua disposição no espaço pretendia a médio ou mesmo longo prazo, estabelecer uma rede de castelos articulados em redes locais, regionais ou mesmo nacionais, de forma a melhor cumprirem a primeira das suas funções. De facto, a política de fortificação da raia só é visível, constante e programática desde finais do séc. XIII quando o monarca D. Dinis não só reforça a primeira linha de castelos de fronteira como também é neste período que existe uma estratégia declarada de fortalecer o espaço do território português, recentemente reconhecido pelo Tratado de Alcanices. Todavia não podemos ignorar, que as décadas que decorrem após a assinatura do referido tratado são de paz permanente, considerando que o referido diploma também estabelecia um longa trégua de quarenta anos em que os monarcas de Portugal e Castela deviam ser “verdadeiros amigos de amigos e inimigos de inimigos”. Assim se em finais do séc. XIII, a zona nevrálgica da Beira estava já consolidada, o mesmo não se observava em certas áreas do Alentejo, como Arronches , Ouguela e alguns castelos do Guadiana, mesmo tratando-se de fortificações de primeira linha. Na verdade a proliferação de documentação sobre o reforço da linha dos castelos de raia Alentejana só é visível e constante ao longo do período de 1350-1450, numa época em que ameaça à soberania nacional era evidente e constante. Em Elvas esse período foi vivido com apreensão pelos responsáveis pelos poderes públicos e uma vez que era necessário reforçar as estruturas e adaptá-las à inovação da guerra, considerando que as últimas modificações introduzidas na época pelo alcaide - mor Álvaro Pereira como sejam as torres de menagem, os torreões e os matacães só por si não garantiam a modernidade do castelo gótico face às novas ameaças da guerra. As queixas dos vizinhos e moradores de Elvas ao rei no tempo do Alcaide Álvaro Pereira, sucediam-se como a revindicação de uma “adua para a cava de Elvas”, necessária para a protecção das operações de cerco, chegava à corte em 16 de Julho de 1361. Dezassete anos depois, o alcaide - mor Gonçalo de Martins, observava a velha muralha remodelada pelo monarca D.Dinis, com apreensão de tal forma que a nova cerca foi edificada por iniciativa dos habitantes de Elvas, a partir de uma taxa de 140 soldos que não incluía os "carretos de cal e as braças de pedra”, considerando que apesar da documentação referenciar o conhecimento de D. Afonso IV não existe qualquer indicação documental sobre o seu "patrocínio". Os preparativos para guerra reforçaram as condições de fortificação do Castelo de Elvas, mas ao longo do século XIV e XV, novas aspirações tinham os moradores que encontravam no castelo tardo - gótico a sua protecção para os constantes assédios que destruíam as culturas e a dieta alimentar da população, de resto uma constante na época Medieval e Moderna. Num período em que as caravelas sulcavam pela Costa Ocidental Africana, os representantes de Elvas às Cortes de Lisboa de 1448 e o alcaide-mor da nobre vila de Elvas, D. Jaime, filho de D. Pedro , davam conhecimento às cortes da construção de uma Barbacã (uma barreira interior) , que teria sido construída entre 1443/1447 ?, sem conhecimento régio, pelo anterior alcaide-mor, Diogo Lopes de Sousa (1443-1448) que voltava a repor a defesa do castelo uma vez que a antiga barbacã teria sido mandada destruir pelo Mestre de Avis como forma de permitir a rendição do Castelo quando Fernando Álvares Pereira, então alcaide do castelo negociava a entrega de Elvas a D. Beatriz de Castela, durante a Guerra da Independência. As últimas obras de reforço de muros e dos castelos tardo-góticos do Alentejo datam de carta régia de 27 de Janeiro de 1443, beneficiando as povoações de Castelo Vide, Marvão, Elvas, Alandroal, Terena , Noudar e Mértola, no caso de Elvas há considerar a doação da quantia de 3.000 reais para a reparação das obras Castelo que foram entre entregues ao mestre ou responsável da obras (?) , Gonçalo Martins de Fonte de Alva (Continua). Postado por Arlindo Sena