terça-feira, junho 02, 2009

A oitava feira medieval criada em Portugal


 

 

História local:  -  As feiras medievais  portuguesas não só contribuíram para o desenvolvimento da economia nacional como foram determinantes para a melhoria das relações económicas e jurídicas. Vivia-se num período muito particular em que a “terra”” era o fundamento da riqueza da população de todo o Ocidente. A feira para além de ser um lugar de transacção económica era igualmente um lugar de encontro e nessa perspectiva, tornavam-se um lugar especial nas relações de sociabilidade. As notícias chegavam às vilas e cidades de Portugal, através dos mercadores e dos agricultores que se encontravam nestes espaços periódicos. As primeiras feiras, ocorreram quase ao mesmo tempo que se criava uma povoação, a primeira feira criada em Portugal coincidiu com a criação da aldeia de Vila Nova (mais tarde de Famalicão ?) , a documentação refere que D. Sancho I, ordenou ao dar foral aos povoadores da dita vila, que se fizesse feira ao domingo. Mas a 2º feira criada no Alentejo e 8º no Portugal Medieval ocorreu a 21 de Dezembro de 1262 quando por carta régia, concedeu aos moradores de Elvas a sua carta de feira[1] A mesma em meados do séc. XV já teria desaparecido, considerando o pedido dos procuradores do concelho às Cortes de Lisboa de 1455, que pedia autorização para a venda de panos, lãs e linhos, na sua feira semanal. Por outro lado, a mudança de uma feira, de anual para semanal só se verificava mediante a criação de uma nova ou seja não era uma prática comum a alteração ao modelo inicial. Em termos de características a Feira de Elvas seguia o modelo tipo da Feira da Covilhã e realizava-se durante quinze dias, garantia a segurança todos os que viessem comprar e vender, na ida e na volta e estabelecia o pagamento de portagem a todos os que viessem à feira vender as suas mercadorias[2]. Sobre a primeira feira medieval, pouco mais se encontra registado sobre a circulação de mercadorias e sobre o acontecimento propriamente dito, e isto porque as cartas régias que autorizam as feiras não especificam quais eram esses outros direitos e só se referem ao da portagem, é natural que fossem os mesmos que recaíam sobre todo o comércio. Sistematizando podemos dividir esses direitos em quatro grupos: 1- Os que incidiam sobre as transacções, como a dizima e a sisa. 2- Os que provinham do aluguer de lojas, da licença de venda ambulante. 3- Os que resultavam de penas pecuniárias pagas pela violência e desordem nos locais de feira e 4-Os que indiciam sobre a circulação de mercadorias, a peagem e a portagem. Durante os finais da Idade Média a Feira medieval floresceu, desenvolveu-se e projectou-se para o fora da primeira cerca de muralhas. Postado por Arlindo Sena.     


[1]  Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chanc. de D.Afonso III, Liv. I, fl. 68

[2]  Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chanc. de D.Afonso III. Liv. I, fl.45