quinta-feira, maio 21, 2009

A Formação das elites locais na época contemporânea.


História Local: - Inicia-se como consequência da Revolução Liberal do Porto de 1820, na verdade o fim do Antigo Regime, contribui para uma maior intervenção dos grupos sociais de posse e de referência que a partir de então e aos poucos e em perfeita harmonia com a consolidação do regime liberal começaram a ocupar os principais cargos no funcionalismo local e até distrital, então monopólio do funcionalismo régio e dos representantes por nomeação régia do “Poder Central”. Mas esta elite que conduzirá os destinos sociais e económicos de muitas vidas e até políticos da cidade de Elvas, na sua maioria estão perfeitamente identificadas com a documentação oficial e com o noticiário da imprensa periódica, com a designação de “proprietários”, sendo contudo variada o tipo de riqueza em sua posse. Assim e em meados do século XIX, a maior parte da classe de referência em Elvas, era constituída por médios proprietários rurais ou mais exactamente pelos lavradores, termo e designação, corrente na vida quotidiana embora não coincidindo com a designação normativa e oficial. Outro grupo de proprietários, sucedia-se nesta «pirâmide social» e que se caracterizava pela posse de pequenas parcelas de terra, alguns prédios urbanos ou algumas alfaias agrícolas que podiam circular por algumas propriedades agrícolas mediante o pagamento de uma taxa em numerário. Uma terceiro grupo de proprietários, a partir de finais da década de oitenta [1880] destacam-se com base na sua riqueza fundamentada na actividade  comercial, alguns possuíam ainda certas terras em propriedade comum ou fragmentadas, mas a parte essencial da sua riqueza era obtida fundamentalmente nos seus negócios num período em que o comércio em expansão tornava-se uma actividade que associada há agricultura tornava o núcleo urbano de Elvas o más próspero do distrito de Portalegre.  Um segundo grupo de privilegiados que formavam parte da elite local eram os militares e os intelectuais, em função da sua formação académica mas também pela sua condição de proprietário, que podiam ser propriedades agrárias igualmente variáveis ou comerciais. No primeiro caso, eram sem dúvida, homens ligados por laços familiares ao mundo dos proprietários rústicos e dos negócios. O mesmo se verificava em relação aos militares, todavia não podemos ignorar que as mais altas autoridades, casos do Governador da Praça Militar ou do Governador do Forte de Santa Luzia, além de meia dúzia de oficiais elvenses de alta patente militar e ainda outros como brigadeiros e coronéis, figuras eminentes do exército português, que associavam às suas fortunas o prestigio das funções e cargos que desempenhavam.  Ainda, no grupo dos privilegiados e com estatuto incontestável, destaca-se a família de referência da aristocracia portuguesa dos Marqueses de Penalva, que em finais do século XIX era praticamente, a única presença fidalga de sangue na estrutura social da cidade de Elvas, apesar de haver ainda cerca de seis famílias tituladas pela coroa portuguesa, algumas de elas até recentemente mas que em termos de protocolo situavam-se no grupo dos proprietários.  Aliás, os títulos eram muito considerados a nível local, entre as elites locais, que tanto podia ser um título de nobreza adquirido, académico ou mesmo de uma ordem religiosa. Este último, muito disputado pela classe política e em especial pelos Presidentes de Câmara, que durante os seus mandatos procuravam adquirir junto da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, o título de comendador uma vez que graças ao mesmo título passavam a ocupar uma posição privilegiada segundo o protocolo, que estava estabelecido pela seguinte ordem : 1ºOs militares; 2ºOs comendadores; 3ºOs doutores; 4ºOs representantes das Câmaras; 5ºO escrivão de direito e as 6ºInstituições. Devemos destacar que na cidade e nas vilas agrícolas de Elvas, o processo de desamortização das terras que levou há repartição das terras em muitas regiões do país não teve um grande impacto na génesis da riqueza adquirida pela classe dominante de resto a base de uma parte da elite agrária no fim da Monarquia Constitucional, encontra-se bem documentada através da documentação oficial dos arrendamentos de terra de tal forma que essa elite constitui-se também com base num grupo de rendeiros, de resto o termo rendeiro, na Região do Caia, não significa de modo algum pequeno lavrador, a medida em que muitos rendeiros tinham também terras arrendadas a grandes proprietários de terra ou seja os rendeiros de Elvas, adoptaram variadas  estratégias de arredamento como forma de estratégia e jamais de sobrevivência.De facto, ainda em relação à compra de algumas propriedades desamortizadas para a prática agrícola, somente uma parte foi adquirida pelos Marqueses de Penalva, uma vez que a maior parte delas estavam na posse de grandes proprietários exteriores ao concelho, o caso dos Condes de Cadaval e dos Marqueses de São Martinho. Destacava-se ainda as propriedades adquiridas pelos burgueses de  Lisboa Augusto José de Andrade y Jacinto José Falcão de Lisboa, e do grande proprietário da região agrícola de Elvas e Campo Mayor, o monárquico Lobão Rasquilha.  Mas se os proprietários, não constituíam um grupo homogéneo do ponto de vista profissional, o mesmo se verificava relativamente há estrutura social, assim a maioria dos lavradores, comerciantes, negociantes e militares formavam uma pequena burguesia, cuja riqueza se confundia com o seu prestígio pessoal, como era o caso particular dos militares e civis que se dedicavam a vida política e possuíam um título académico ( bacharel ou licenciado), indivíduos que socialmente, eram todos reconhecidos como senhores doutores, ainda que alguns fossem simultaneamente identificados com a “classe ” dos lavradores, como eram os casos dos chefes das Casas Agrícolas das famílias Bagulho e Gonçalves. Em muitos casos, esta elite agrária centralizava a sua vida quotidiana, não só na Casa Agrícola mas também nas casas palacianas ou apalaçadas que foram adquirindo nas zonas mais nobres do burgo Elvense. Entre os lavradores que integravam a pequena burguesia no fim do século XIX, destacava-se ainda um grupo de arrendatários que durante a segunda metade de oitocentos, obtiveram dos grandes proprietários os recursos em capital que somados aos benefícios obtidos mediante a exploração de essas terras, lhes permitia conseguir os meios financeiros necessários para adquirir as suas próprias herdades e as suas alfaias agrícolas. Embora quando analisamos as várias centenas de aforamentos ou arrendamentos, no caso particular de Elvas verificamos desde logo que a condição de arrendatário não é condição exclusiva dos pequenos lavradores ou mesmo da pequena e restrita classe média que então se encontrava em formação de facto encontramos grandes proprietários nessas condições por exemplo em 1919, a Condessa de Tarouca, possuía cinco grandes herdades que estavam então arrendadas a três dos maiores proprietários agrícolas de Elvas em território e produção, respectivamente José Mendes, José Maria Andrade,  Lobão Rasquilha ( que possuía três propriedades na Canada do Alicerce) e José Lopes. Ou ainda o caso da família Tenório, que tal como a Condessa de Tarouca ou Penalva em Elvas, possuíam algumas herdades no Concelho de Arronches, aliás os Tenórios estavam intimamente ligados a uma parte da gestão das propriedades da última grande casa nobre elvense e  por alguns contractos de aforamento, o certo é que quatro das suas propriedades no fim da monarquia constitucional estavam arrendadas a vários proprietários locais Postado Por Arlindo Sena.